Filigrana Portuguesa
A Filigrana é uma técnica milenar, conhecida desde a antiguidade clássica. Adquiriu grande expressão na Ourivesaria tradicional portuguesa, e está presente tanto nas peças mais luxuosas, tanto sobre o peito das mais humildes lavradeiras minhotas.
A particularidade da filigrana portuguesa é exatamente este seu lado mais popular e humilde.
Por todo país, mas sobretudo a Norte, na região do Minho, chegam a partir de meados de oitocentos remessas de ouro regulares, enviadas às famílias pelos parentes emigrados no Brasil. Num contexto onde a propriedade é pouca e os recursos escassos para as famílias numerosas, as raparigas casadoiras dão especial atenção ao seu dote e aparência.
O desfile das Mordomas é todos os anos acompanhado por milhares de pessoas que esperam horas para apreciar o típico ouro que as Mordomas transportam ao peito.
A ourivesaria minhota é digna de nota. As peças em ouro eram um verdadeiro marcador de riqueza e estatuto socioeconómico, e a o único património que nunca perdia valor. Cada peça da ourivesaria está tipada, e tem um valor e usos altamente simbólicos: havia uma ordem na aquisição e utilização de cada peça, marcando as etapas da vida da mulher e o seu estatuto.
Estas regras dizem sobretudo respeitos aos brincos (e arrecadas), aos cordões (colares de volta), pendentes e pregadeiras.
As peças são normalmente ocas, feitas a partir de uma chapa de ouro oca batida até ter uma forma bojuda, ou em filigrana. Esta técnica implica a criação de um fino fio de ouro que o ourives torce e enrola em delicadas espirais para formar motivos muito complexos. O fio pode depois ser aplicado sobre uma joia já existente, ou formar uma peça nova, cheia de detalhes barrocos. As peças em filigrana podem ser decorados com pequenas bolas douradas, pérolas, esmaltes ou pedras semipreciosas – turquesas, coral e azeviche.
A mais icónica destas peças é, sem duvida, o coração, dito de Viana. Mas isto, fica para outra história…
Para saber mais sobre a filigrana, visite os sites do Museu do Ouro de Travassos e do Museu da Ourivesaria Tradicional em Viana do Castelo.
E para ver para crer, assista à criação de um relicário na Oficina Manuel Armando Rodrigues Fernandes e Filhos, Lda, em Sobradelo da Goma, Póvoa do Lanhoso.